um chute no ar, uma revolta qualquer. sou mimada mesmo, não aguento coisas serem tiradas de mim. ou tomadas de mim. sequer dou uma mordida do meu chocolate. eu o descasco no canto, só para não ter que o dividir com niguém. sou gulosa. louca de pedra. morro de velho, e olha que nem tenho assim tantas experiências. foda-se. quer ir embora? então que vá. vou jogar o número do telefone dela na privada, pisotear no tapete, fazer uma macumba. uma reza brava. ou braba. comprei-lhe um vaso de flores, de lirios - seus favoritos - e os coloquei em um recipiente de barro com terra fofa e minhocas, as quais eu mesmo nomeei, uma a uma. tenho mesmo essa mania dos detalhes. eu me importo com tudo. mas agora, seu cheiro está no congelador, junto com os brigadeiros que fiz com o maior carinho que tinha - aliás, ainda tenho granulado nas mãos e os dedos melados. ela me disse mesmo que era grudada demais, que se apegava facíl. mentira, correto? apenas mais uma promessa entre outra meia dúzia de breves pretenções. mas o que posso fazer a respeito? se não viver de promessas, vou viver de quê? tudo que tenho são promessas. promessas são as coisas mais concretas que tenho. lancei o vaso torto contra a janela. irrite-me, acho que estou próximo ao limite da minha paciência. não suporto seu rosto. seu corpo no meu. seu gosto no meu. sua boca vermelha e com gosto de doce de padaria. gosto de sonho velho, que fica embrulhado no canto da pia, esperando ser devorado de madrugada. não aguento.
a paixão faz a gente cometer atos estúpidos.
Creeedoooo ^^
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