estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
ambulante | 5
não posso. não vou mais me comportar: transbordarei de mim. seu perfume na escada, no piso, na sujeira dos cantos que não se limpa há meses. seu beijo ainda no meu corpo de rosto magro e com bochechas rosadas. sinto certo cansaço de nada. não aquele esgotamentos proviniente de atividades intensas, mas de pequenas atitudes desgastantes. não aguento mais mostrar-lhe o lugar dos panos de prato ou das xicaras. não aguento mais contar-lhe a mesma história curta de vida que tinha, a única merda de história que tinha, de uma menina de dezenove anos que perdeu os pais na saída de um jogo de futebol. e não aguento sua mania de deixar a toalha em cima da pia, como se fosse um difunto a apodrecer. eu me canso dessas coisas pequenas e sutis. definitivamente não quero o pouco que tem a me oferecer. eu estou a me encerrar.
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