olhei pela janela do quarto e a vi abaixada lá fora, perto do vaso de cerâmica que terminara ainda a pouco - seu trabalho estava resumido quase a uma peça de roupa no varal. ela repuxou as mangas da camiseta até o cotovelo, e tirou o cabelo liso do rosto. suas mãos estavam cobertas com aquele monte de barro endurecido. ela me remeteu um aspecto velho. notei que ela usava um avental listrado também - ela colecionava aventais durante o verão, e conchas nos períodos mais frios. nunca entendo seus vicios, tampouco ela entende os meus: temos o costume de conviver com estes segredos invioláveis de cada um de nós. perguntei-lhe:
- o que você está fazendo?
- estou fazendo uma praia aqui no quintal.
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