estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
após o sinal, diga seu nome
tanto espaço em um dia nublado. é, eu penso mesmo em deixar tudo que tenho aqui para trás, em troca de incertezas; esse prédio é alto demais. sinto certa vertigem daqui. olho para baixo e os carros se perdem. as pessoas se perdem. os cachorros de rua não sabem as ruas mais perto, nem os postes. as pessoas dos prédios ao lado me olham como se mirassem em mim. riem de mim e do que me tornei. sou um brinquedo vendido em vezes. à prazo, em parcelas minúsculas e inacabáveis. aqui meu celular não funciona. aqui, nessa mesa de escritório, minha produção é restrita, bem como meu repertório. ah, eu queria um copo de leite, saí de casa sem comer nada. qualquer comida estava a me revirar o estômago. trouxe um livro na mochila, mas não tenho concentração suficiente para ler. nem para escrever. estou alerta. assim como ela, dormia. mas dormia alerta. eu sou alguém de destino fragil, e que não recebe nada a mais por isso. tanto espaço aqui, nesse dia de nuvens bufantes e robustas. a cidade do caos. do trabalho de recompensa. um mercado de frutas novas e suculentas, contudo, ainda aqui sentada, estou pensando em ir embora, trancar por fora a porta. sumir do mapa. não medo, mas incerteza. outra vez trocaria tudo o que não tenho pela incerteza. tem um copo de água sobre a mesa, a me encarar. ele está aqui a mais tempo que eu, e parece não me deixar fazer meu trabalho. sequer consigo esperar quieta. não sei quanto tempo mais eles irão demorar. espero que voltem logo, ou não voltem mais.
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que merda néh
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