segunda-feira, 21 de julho de 2008

desligamos o celular

pois que se deitou e, logo em seguida, ajeitou o travesseiro perfeitamente por debaixo da cabeça. ela não dorme de cabelos molhados, tampouco sai com eles ainda úmidos na rua - isso lhe dá a impressão de desleixo, como se dissesse: saí do banho, e vim direto!, dá-lhe a impressão de estar sempre atrasada, faltante. ela disse também que estava com sede, mas que tinha preguiça de levantar e ir buscar água. teria que descer até o andar térreo: não valeria a pena o esforço, acrescentou. eu me propus a ir pegar, e, ainda esclarecendo, perguntei se ela preferia gelada ou sem gelo. ela disse que gelada - sem gelo não mata a sede. concordei. então eu disse que ainda escovaria os dentes e desligaria a luz do corredor e, depois, voltaria para a cama. ela disse para que eu não demorasse, e eu disse que não aguentava mais ficar longe dela mesmo. novamente o que tinhamos não era suficiente. eu precisava sentir seu corpo o tempo todo: ela tinha que ser inteira, eu lhe disse isso também, e então expliquei: inteira, sabe? corpo e cabeça. ela disse que me adorava, e eu disse a mesma coisa - talvez já tivessemos superado toda sua espontaneidade anterior - tudo bem. passamos por um silêncio breve, o tempo de um suspiro mais longo, talvez. disse que já levaria seu copo de água.

- dorme bem, meu anjo.
- você também.

(desligamos o celular)

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