estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
ela praticamente engolia meus brincos
suponho que continuar a descrevê-la não me proporcionará qualquer triunfo, então eu me contenho: eu sou meu copo vazio de água sobre a mesa. pois que iniciarei uma conversa longa e interminavel entre nós: temos mesmo muitos assuntos para tratar ainda. ela praticamente engolia meus brincos. devorava meus olhos e cabelos. nunca cheguei a experimentar uma paixão tão feroz como essa, ou tão ardida. antes aquela mesmice de cartas com versos de terceiros. aquela paixão melada, de trovadores jovens e aflitos. eu me encarrego de morrer depois. ela praticamente engolia meus brincos. devorava meus olhos e cabelos. então eu fico com aquela desgraça: e se eu chegar no carro, e não estiver no carro? preciso parar com essa mania de pensar demais. eu costumava deixar bilhetes no canto da porta, proximo aos cds, imaginando não esquecê-los jamais. mas eu os deixava sempre aos prantos, sozinhos e esquecidos, como meias de seda, depois do ato de amor. ela praticamente engolia meus brincos. devorava meus olhos e cabelos. ou então potes de mel, intimidados por abelhas que acreditam que a produção dócil ainda as pertence. não me admito, tampouco me recordo da úlima vez que me proporcionei tal atitude tão altruísta. eu me deixo, me abandono, me largo para sempre. e ela? ah, ela praticamente engolia meus brincos. devorava meus olhos e cabelos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Caralho!
ResponderExcluir=)
nouuu vc é a inspiração da busca de meus sonhos....
ResponderExcluir