terça-feira, 2 de dezembro de 2008

cortiços

eu me possuí nesse demérito, nesse assédio de mim. eu era uma criança que mais parecia um elefante - eu era o menor gigante de todos. eu era um circo. daquela sensação, eu sei o que sobrou: era o calor da vertigem. da inclinação. do inchaço. do desvario. a mão da mãe. a insustentável condição feminina.

ela tinha um microondas em cima da geladeira e no teto, um vestido de festa - ou de noiva. uma roupa que parece não ter sido usada nunca. um vestido que era feito de lustre. parece que foram testadas centenas de mulheres antes dela. NINGUÉM DIZ TUDO.

ah, os cortiços. os grandes discos de gente.

3 comentários:

  1. Sei que talvez você gostaria de algo além de 'muito bom' e que esse tipo de comentário é tão vago e tão sem sentido que as vezes é melhor não fazê-lo, ou talvez não gostaria de nada. Porém, quando, falo por mim, nos deparamos com a sua forma de escrever, esses minutos pós-leitura, essa inquietação, essa sensação de 'era isso que eu queria falar, ela acertou denovo', não sobra muito além de 'muito bom'. Obrigado, novamente.

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  2. Sabe o que é mais legal ? É que quando eu leio o que vc escreve dá vontade de escrever, sabe. É um estimulante, pela qualidade.
    ;)

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