domingo, 28 de dezembro de 2008

a cabine | 2

QUANTO A JAMES

um sofá vermelho. um chá dançante. o vestido de ana laura traz a tona uma lembrança; então é ele quem carrega um livro velho debaixo do braço: com as páginas caindo e com o sorriso sincero mais estupido do mundo. não existe mais nenhum problema agora, portanto, ele apenas iria pedir para que ela fizesse silêncio, pois tinha o mesmo discurso manjado de antes para lhe dizer; ansiava em subornar as mesmas personagens. o rosto dela ainda embriaga suas palavras, suas roupas, e então sua sutil permanência em sua própria sala de estar. e que se danem os loucos e os poetas desvairados que rasgam restratos para esquecer. james não era assim; e não que fosse lá uma pessoa muito equilibrada também, mas não era assim porque ana laura também não era e, dessa forma, nunca havia chegado a tal ponto de exigir demais dele. apenas havia se conformado com uma situação que se arrastara primeiramente através da horas, que então se tonaram dias, e semanas, e por fim meses. e tanto tempo já tinha passado pelo relógio que os ponteiros praticamente estavam desgastados. gastos pela monotonia pousada sobre a pia da cozinha, assim como aquela pilha de pratos sujos. ele não vinha. e ele nunca mais vai voltar, pensava. nunca! e não por ela ser ruim, ou feia, ou arrogante. mas por ela ser boa demais; e tudo o que nela era maravilhoso atigia o orgulho dele - e bem ele, que precisava provar-se homem o tempo todo! ah, tinha que ser ele, claro que tinha; ele era mesmo um egoísta de merda. então pulou pela janela do quarto e desceu pela escada de incêncio enquanto ele continuava ali, sentado, esperando, perplexo em sua própria sala mais uma vez, jogado em sua poltrona mais confortável com os pés para o alto, como se ainda se sentisse em casa. ainda.

Um comentário:

  1. Interessante ... bem escrito ... moderno.
    Curios notar: "... e por fim meses." Reflexo dos 19 anos.

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