quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Boemia | 2

Anime-se. Mais um pouco e você terá trocado o dinheiro pela própria farra. Dizem que a maldade das atitudes não consiste em executá-la propriamente, mas em escoltá-la. E por quê? Porque você não vai precisar esperar quinze horas de vôo, cinco anos de guerra, dez dias de fome. Se você conseguir gostar-lhe muito, já decerto terá tudo. É, ela bem que disse que essa minha fase de silêncio não a faria mudar em nada ou a afetaria – seu afeto era maior, ou então era nenhum mesmo, eu concluía. Engraçado esse tempo nosso de monte de gente em preto e branco. Eu não nasci para isso – e ela dizia: você e essa sua mania de grandeza. Que fosse: a minha cabeça tratava de mim como um imbecil.

3 comentários:

  1. Você é boa, de verdade. Nunca tinha visto uma menina conseguir se expressar tão fácil em sentimentos tão complexos. E é disso que é feito um bom escritor. Digo isso sentindo uma fagulha de ciúme, pois foi isso que eu sempre quis e nunca fora real. Agora, você é real e tem o dom, vá em frente! (:

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  2. Eu concordo inteiramente com o anônimo aí em cima.
    E ainda : acho que você tem um dois qs de Clarice Lispector que me dá arrepios.

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  3. James Joyce disse que o leitor ideal para 'Finnegans Wake' sofreria uma 'insônia ideal'. Terminaria o livro e o começaria novamente, infinitamente. Essa é, talvez, uma das maiores máximas em se tratando de literatura. Um sentindo, outro, outro, outro. Transportando isso para o escritor, talvez, encontremos uma das missões que os mesmo aceitam quando se debruçam sobre essa arte, despertar a 'insônia ideal'. Encontramos isso em Dom Casmurro - quando feita a leitura e não uma leitura -, no próprio Finnegans Wake, Demian e em A Paixão Segundo G.H (Clarice é a sua favorita, certo?). Grandes clássicos, magnifícos. E encontramos isso em você, magnifíca.
    Termino todos os meus comentários agradecendo-a por me proporcionar o prazer de ler você e isso não carrega em si nenhum sentido a não ser o próprio, digo porque é a verdade.

    Já me demorei por demais, obrigado.

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