quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

delírios

ele colocava a roupa dela, e dizia na voz dela:

que orgulho! que orgulho desse acordeonista! - que maravilhoso seria podê-lo tocar os dedos, os meios, os sentidos! eu me lembro, ele se apresentara formal, e polido. eu me lembro dele, mesmo sem nunca tê-lo visto, eu me lembro de seus arranjos, suas trepidações, sua insegurança nas notas mais jovens.

e tirava as roupas dela, e dizia na segunda voz dele.

eu não lembro! eu não lembro! que desastre! - que importuno seria poder tocar-lhe o corpo, os seios, os sentidos! eu não lembro, ela se colocara a dançar formal, e torcida? eu não me lembro dela, mesmo a avistá-la todos os dias! eu não me lembro de seus tantos rodopios, suas canções favoritas, sua imprecisão com outras melhores e mais jovens... e não me lembro!

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