sexta-feira, 1 de agosto de 2008

enfim, um fim.

e é óbvio que queria mesmo ouvir tudo aquilo; afinal, por quem mais esperaria dezoito meses seguidos? por quem mais suportaria olhar para frente e ver a pessoa que gosta com outra pessoa? simples, por ninguém mais. por ninguém mais no mundo faria o que fez por ela - ficar em silêncio. ficar quieta como se visse nada e fosse, ainda, metade da pessoa que jurou que seria um dia. suas palavras jamais foram boas o suficiente, essa era a verdade. jamais! jamais haviam sido boas. e ela estava convencida disso; estava finalmente convencida que que a gostava, agora, sem ironias. sem rodeios. sem mentiras ou falsas previsões. não conseguia mais suportar sozinha, pois tudo pesava em suas costas. suas decisões pesavam. seus erros pesavam. seus dilemas pesavam. então, pela primeira vez em muito tempo, soube que ela seria seu próprio sol, mais até do que sua própria cura; e que com ela não seria preciso fingir ser outra pessoa, pois ela não tentaria não mentir, ela simplesmente não mentiria. não mais entalaria em sua garganta ou lhe causaria falta de ar. ou irritação. ou sono. ou ressonância. não mais dormiria; apenas passaria o resto de seus dias olhando para a mesma fotografia, na qual ela ainda sorria, franzindo o canto dos olhos. diabos, tem sido cega desde sempre! desculpe-a garota, pois foi você quem esteve o tempo aqui por perto. dê-lhe uma última chance de contar a mesma história de novo, de descrever as mesmas cenas, de matar as mesmas personagens. todas as coisas que deveria ter dito ainda estão aqui. estão intactas. estão presas a seu próprio medo. a sua cautela. a seu ego. a seu orgulho distorcido e - por sorte - ainda não jogado no lixo. e está preso a sua falta de jeito com tudo que está a sua volta, pois passara tanto tempo escrevendo que praticamente não tivera experiências. apenas percebe-se agora que está feliz - insuportavelmente feliz por não ter chegado ao fim da história que imaginou e, assim, não ser a contradição que sempre achou que seria. então aguente. aguente firme porque ela virá buscá-la, e irá colocá-la sentada no carro novo que ganhou - no carro em que vc entrará com convicção; apenas com certeza e mais nada. apenas isso. apenas a idéia fixa de que quer aquilo. quer estar ali. quer o vento gelado no rosto - e então quer a expressão congelada no rosto como numa fotografia; como naquelas centenas de fotografias que nunca chegaram a tirar, sabe-se lá porquê.
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09/dez/07

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