pois que tentou, mas foi em vão. qualquer tentativa, que não a de tirar-lhe os talheres da mão, lhe pareceu em vão. subiu as escadas depressa, com uma urgência efêmera de médico. suava pela vertebras: a futura mulher de sua vida, ali esticada, quase que sem vida. fuçou nos remédios e nada. nenhum curativo digno. apenas aquelas centenas de potes de anti-depressivos que ela tomava pouco antes de ir dormir, seguidos de um copo de leite gelado. como ela pôde esconder tanto assim? como pôde dissimular tanto? como mudar tanto os móveis de lugar, fingindo um incômodo que não existia? poderia, ao invés de prestar-lhe socorro, engolir um copo de seu corpo; de seus fluídos, já retos e sem risos. bateu com força a porta do gabinete: tudo aquilo era uma mentira, uma fantasia. ela se contorcia sobre o tapete, como se reagisse a uma decência que não tinha. esperava ansiosa pelo momento do bote, como se fosse um animal a resguardar-se. puxaria tudo para perto de si: o ambiente haveria de lhe pertencer no instante do ataque. perguntou-lhe:
- o que você está fazendo?
- estou morrendo.
Olha eu aqui!
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