terça-feira, 21 de setembro de 2010

um texto para cidade

um texto de verdade:

a cidade tem um barulho habitual. que vem do carro, que é da pessoa que está dentro dele. que vem do prédio, da família que almoça, mas da pessoa que janta sozinha. todo barulho é repodução do fazer de alguém. a pessoa parada tem um barulho que vem dela, que ouvido por dentro dela. o seu estômago faz barulho. a sua unha crescendo faz barulho. respirar faz barulho no silêncio - e no barulho do silêncio faz-se o ruído da surdez. a cidade é surda e tem um barulho habitual.

Um comentário:

  1. da janela observo casas brancas e azuis. Na rua passa um carro. de lá, o motorista distraído com as notícias do rádio volta sua atenção para um guindaste na av. Liberdade, que prédio alto esse novo. Lá de cima o operador do guindaste vê meia capital e enquanto gira o aparelho vislumbra a praça da sé, lotada. uma daquelas pessoas é um camelô que de trás de sua barraca observa o ônibus passando estranhamente quase vazio. no último banco um casal se beija ardentemente. eles não veem nada, apenas curtem o bom momento.

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