ana pediu um copo - ou melhor, pediu logo três. houve pessoas que se juntaram a nós. penso que talvez não fosse para o meu melhor agrado que isso aconteceu - mas depois eu entendi que isso não a agradou na ocasião também. pensei que jamais sairíamos de lá porque a companhia dos outros pode ser estranha quando se quer estar sozinho, ou minimamente acompanhado. porque eu queria a companhia de ana, com a sinceridade mais estranha que eu poderia dedicar a ela, eu queria sua companhia. o mínimo de sua companhia, enquanto corpo único que era, na verdade trazia uma multidão com ela. ana era uma mulher de ser várias. e que surpresa não foi a minha quando naquele final de noite, seu corpo me levou ao carro enquanto seu beijo a trouxe para perto.
quanto tempo pode durar um espanto, chico? e quanto tempo pode durar um encantamento? as decisões que eu tomei há sete anos conseguem ficar sete anos sem que eu mexa nelas? as escolhas são para fazer com que eu volte a mim mesma, e não o contrário. então as escolhas certas normalmente são as coisas que eu não faço sempre. fazia tempo que eu não me sentia encantar. se perdi o ar, ana, penso eu já ter precisado respirar muito para chegar aqui. hoje não saio porque já me basta a saudade de ana. talvez hoje eu durma muito, porque tudo que há aqui me basta. havia mais motivos para assimilar? (...)
estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
sábado, 25 de setembro de 2010
à ana | 2
poque quando penso, meu pensamento perde a segregação do tempo. e do espaço, que tantas vezes poderia ter sido enorme, há o encolhimento - e o corpo distingue-se em meio a outros corpos. há um caminho de gente aqui.
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