sábado, 21 de março de 2009

o destaque da palavra - a ênfase

A gente escuta quase uma melodia. O começo e o término de uma frase é a primeira palavra. Mas eu fiz o contrario: uma frase aleatória no âmbito do dicionário. A cada início decido um novo início. O tom grave dá peso no texto; assim, é possível manipular o começo. Você pode estar sempre agudo - porque fica o canto, mas depois fica chato. Então você muda de lado.

(Ela era do tipo de mulher que as veias saltam nos pés.)

Na tortura eu elevaria o tom porque a atenção é fator notável da ênfase, e de todas as próximas fases de ostentação. Então eu acho adequada a proposta porque a pausa é uma sílaba - um belisco muito mais leve do que o deslocamento da fala propriamente. O deslocamento é o que a gente faz para colocar e destaque a palavra escolhida. Eu escolho a palavra de ênfase.
Há momentos de seta na sílaba. Silabar e prolongar - esse era meu objetivo. Mas como a cara da gente revela, se eu puder, eu falarei pouco na vida. Porque o que o respeito traz na gente, além da combinação dos sentidos multiplos? O prazer é oferta? O prazer é a oferta. O único jeito de ganhar no jogo é dizer que o outro acertou. A beleza não deveria ser enfatizada nesse sentido.
Às vezes eu acho que ela era mais bonita por fora. E penso que talvez roubar fosse tão prazeiroso quanto o sorriso violeta dela. Ela, com aqueles dentes brancos demais, tentava me tirar o olho do rosto. Pegaria meus olhos, como quem pega dois globos, duas órbitas insignificantes. Mas acontece que o olho dela dependia de um branco do meu. Um branco imenso e sigiloso. O branco que não desbota no infinito. A relação das cores comigo é simbólica.

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