quarta-feira, 11 de março de 2009

quanto a beleza das coisas

a gente tragou tudo, soltou, vomitou tudo porque o drama é pontual. eu ainda não estou satisfeita ou em situação de fastio - eu quero ainda poder descrever a loucura da mulher bêbada com maior quantidade de detalhes. e de beijos, claro. mas, no contexto, eu sou ela. e ela é meu corpo, inevitavelmente.


não há dança na lembrança que conduza o desfecho. não há abraço que o justifique também. não há desejo, demência, destreza, dormência nos pés ou nos lábios que comprove. porque a prova está na inconstância, na futura instância da dança que não houve. e que não haverá também. a função do corpo está na história agora - ou na boa memória, pelo menos. só há o instante do cubículo da mulher bêbada para ser lembrado. e há o instante de seus beijos, claro.

havia o espaço pequeníssimo de tempo para que se olhasse a mulher bêbada no espelho - e para que se visse nela, logo depois. porque sempre há na preocupação um segmento visceral - e de estrutura. a cabeça não alocava brincos, nem tino. pouco cabelo cortado, pouco vestido, pano, manga. uma beleza sem afluência - um reinar do avesso (e onde avesso é a ideal inquietação dos beijos, claro.)

a escolha é a condição do outro.

3 comentários:

  1. isso do "reinar do avesso" ficou lindo.

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  2. É vastamente inadmissível apontar o melhor, porém, ainda sou de arriscar e aí está; é extraordinário. Fantástico. Extravagante! Navego em ti, muito!



    (...)

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  3. Você brinca com as palavras, escreve coisas fantásticas, espero que continue assim com esta criatividade. Poderia me rasgar em elogios, mas prefiro esperar o próximo. Continue sempre assim. Beijos.

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