quarta-feira, 4 de março de 2009

ah, sua belíssima!

poderia ser qualquer coisa.
um dia, dois. a semana inteira.
poderia ser o sangue, o suor, a saudade das coisas.

(o tempo passa para todo mundo, disse.)

poderia ser a grávida.
a trágica. a tela, o traste, a tentativa.
poderia ser o negócio.
o seu.
o dela.
o nosso.
IMAGINA O SUSTO?
poderia, a partir do conjunto, estabelecer uma tese.
mas a tinta do cabelo pingava nos ombros.
-malditas coisas que nunca ficavam prontas.
o vermelho não pegava.
se funcionasse, ficaria linda.
mas o vermelho não pegava.
BELÍSSIMA!
porque ela era a mulher mais linda e a mais estranha também.
o livro, o encargo, o ditado popular na ponta da língua.
na praça, o doce.
no doce, a douçura da gentileza.
na gentileza, a moral que movimenta.

vestiu um vestido emprestado:
sua imagem não valia nada.
o laço caiu, o olho, a ruga do olho.
pegou a cortina e saiu.

era uma mulher belissíma que fazia uma dança belíssima.
sairia ilesa.
mas seria a mesma logo depois.
ah, sua belíssima!
(sua imprestável!)

imagina uma mulher com pé de boi:
era ela.
no peso, o peso e só.

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