terça-feira, 6 de janeiro de 2009

tenha bons sonhos | 2

eu insisti para que não saíssemos. ele na cadeira de rodas, e eu nas bambas pernas que me sobraram. é de enlouquecer qualquer mente em sã consciência. alertei-o: sua cabeça há de lhe adoecer o corpo! ainda eu, mulher, fumante, alcoolatra, fugitiva sabia que aquela cena faria de nós uma exibição. porque estávamos lado a lado, mas ele - aquele segundo doente mental - ainda se movia sozinho. sem sorriso, sem satisfação, sem mérito, sem crença ou descrença - mas sozinho. e as únicas duas pernas bambas que eu tinha, tão somente umas delas sadia e em razoável condição, me traziam um aspecto nobre como se ainda pudessem pensar que eu tomasse conta dele, que o vigiasse talvez, que trouxesse até ele água, soro, saudade da vida. mas que vida lhe teria para oferecer? - ele também não tinha nada para me dar. minha urgência agora era cuidar dos horários, das doses, dos remédios (dele e) meus. eu enchia os pulmões com o vento e as folhas secas - corpo preenchido de tudo que não me pertence, ou que ao meu controle não se desdobra. talvez esse o dia em que se descobrirá algo capaz de adoecer a mente - eis que dentro dela o corpo. ou talvez esse o dia em que se descobrirá algo capaz de adoecer o corpo - eis que dentro dele outro corpo. bem que dizia ao seu ouvido que SOMENTE seríamos loucos no outro.

Um comentário:

  1. eu resguardo.blogstop!!!!!



    Uhuu primeiro de 2009!
    IdolaA!

    Bjaoo
    leticia

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