sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

à ana | 17

eu deveria me perdoar por querer tanto você perto de mim? não pelo contrato, entenda. mas pela companhia. não há regras - as regras são feitas para acordos em que se ganha muito dinheiro. acontece que tua espontaniedade não pode ser trocada por nada, adquirida por nada. então que a tua paixão ainda me enlouqueça, mesmo que utimamente eu tenha puxado mais os cabelos imaginando qual tipo de solidão colocou os braços em volta de você. sabe, essa solidão tem me segurado também - ironicamente, meu riso sucede instantes de choro. fico horas imaginando sua vontade de ir embora, seu regresso e sua distância. há buracos incompreensiveis em todas as pessoas. eu senti como se eu tivesse sido arremessada, e no arremesso, a fragilidade - as coisas se quebram muito facilmente - de estar diante de um mundo que se abre, que se dilacera. e quando o mundo abre essa fenda, ou você respira ou você é sugmerdido: eu fiquei sem respirar por quatro horas. por quatro horas o inchado dos meus olhos me massacrou as idéias. ana, tenha cuidado por suas flores, mas não apenas por elas. tenha cuidado pelo nosso quintal, pela nossa vida, pelas plantas que colocamos lá. o amor não esquece. tenha carinho por nossos dias. meus braços não podem alcançá-la se você não esticá-los mininamente. você precisa curvar o corpo, tombar um pouco mais para cá. porque senão a minha busca é vazia. meu coração ainda bate aí? você ainda o guarda como seu? talvez tenhamos trocado sem perceber. talvez tenhamos pensado que a exuberancia que nos atraiu não valesse nada. filha da puta, eu. porque se muitas vezes brinquei com a incerteza do destino e da vida, hoje esse pensamento cai sobre mim sério e firme: não há nada certo. e essa dúvida latejante na minha cabeça, e me desconcerta, que me humila. eu fui muito inocente? eu fui muito longe? eu briguei pouco? entende como as coisas perderam a linha imaginária das respostas? então não me faça pensar que sou suficiente se não sou. não me faça pensar que sou eterna, que sou mãe de seus filhos, que sou namorada, esposa, mulher sua - se não sou. não me faça acreditar que seu humor é, por demais, encharcado de acidez, se ele não é. não me faça acreditar se você não está convencida. eu me apaixonei mais por você quando você não soube, quando você teve dúvidas, quando você teve receio, teve medo. porque as pessoas não crescem sozinhas. elas crescem com as pessoas que amam - e eu amo você.

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