domingo, 2 de novembro de 2008

não precisar pensar

o processo corrria mais lento do que o comum. eu era uma convidada especial, ele havia me dito isso. e insistiu ainda, logo depois: chegue cedo, senão não terá lugar. cheguei. parei o carro perto e na sombra. levei uma bolsa pequena e muita paciência - mal passava pela porta. não sei quanto adoraria ser reduzida a um clichê cultural, mas ele continuava sem ligar. não devem estar chatiados, só devem estar com fome. a baixa umidade do ar causaria uma perda do equillibrio? não sei. ele disse para que eu escolhesse o meu sabor de sorvete favorito. eu disse para que ele escolhesse o dele. alguém disse que eu estava desviando do assunto. que fosse. eu me inscrevi nas aulas de culinária, no clube do livro, no curso de arquitetura. então eu experimentei o vestido. ele disse: feche um botão, parece que você está se oferecendo; e eu disse que eu realmente estava me oferecendo. não toque muito, não fale demais sobre os seus relacionamentos frustrados. eu entro ali em cima, e a gente se vê no meio. o quê? porque tantos patos em veneza? tantos? não sei, eu lhe disse. eu às vezes nem sei o que digo.

eu tomo decisões o dia todo.
mas nós ainda não tentamos o sofá perto da janela.
em termos de coisa séria, minha vida é uma bagunça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário