estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
o grilo
aquele grilo na minha orelha, como se fosse um toque, um transtorno. eu digo, estou quieta, me deixe! e ele ali, a martelar a minha idéia. o mesmo pêndulo, de um lado para o outro, insistente como sempre. ele não tem nenhuma novidade. fica como um guarda, um poste, um louco - e logo eu, que achava que todos os loucos babassem. um monstro. uma aberração. ah, minha consciência, estou quieta, me deixe! ou ao mesmo tire daqui essa insistência. eu queria dormir meu próprio sono - ou aboli-lo, que fosse; sanar meu incômodo. meu comportamento é do tipo que grita. eu queria tirar minha cabeça com a mão, mas não, ele ali, a colocá-la no lugar, a costurá-la no pescoço sobre os ombros, da forma mais acadêmica que poderia colocar. ah, me deixe em paz! e ele ainda a sofrer por mim porque sabe que vou deixá-lo. soltá-lo. castrá-lo. mandá-lo embora. soltar os cachorros atrás dele. sempre perturbá-lo. mandá-lo a merda. e mandar-lhe, simplesmente.
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como Quintana...
ResponderExcluirUfa!
ResponderExcluirQue sufoco!
Ainda me resta o gosto!
dessa vontade de amarrar os ombros;
ou quem sabe matar, como um louco!
Maldito grilo, não se sabe onde ele mora, por isso que grita tanto.
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