por que ela grita? porque grita você? entre seus panos que são roupas e suas roupas que são textos lidos por mim em um presente, cujas respostas, no mundo das trocas daqui de baixo, não lhe interessaram, os cabelos que deixaram passar a geometria dos traços retos, por curvas e inflexões as quais eu me deito - penso em qual jeito posso ter perdido no tempo em que parei para conhecer o gesto que fez a princípio e que terminou por regar sobre mim a aversão de sua figura. eu senti a vontade do vômito pela garganta - e justo eu, que fumava entre estar aqui e ali. eu também projetei o meu desejo. porque a fome eu não criei, eu incitei o desejo de comer. é claro que as coisas são extremamente relativas.
eu passei um tempo lendo e outro olhando rostos que perdi o tempo da troca mais justa: a troca de mim pela outra de botas tão pretas e densas cuja licença de ver me trouxe de volta o tempo da perseverança. digo do tempo aquilo que tem dito de mim, de pulsos tão firmes, saias tão curtas e traços tão fundos - porque eu não sabia quantos anos você tinha, mas tinha em mim uma defasagem de ano em relação, não a sua idade, mas a sua imagem velha. por que ela é velha? por que ser velha você? é por que sou tão nova, tão pequena neste corpo, tão enorme neste mundo de trocas? que intenção pouco justa pode haver nisso?
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