ah, seus cabarés.
ela fazia como um passeio de botão em botão, com pausas para goles de café e intervalos de tempo. pois que tempo suficiente para que rediressionasse o olhar para o pálido do corpo que se mostrava breve e contínuo, cada vez mais. amanhã não vai existir, eu pensava. amanhã vai deixar de existir para sempre. assim prosseguiu o legado. a troca de olhares de olhos que se multiplicavam: havia uma multidão a olhá-la. imaginava ser uma invasão. diabos, nem mesmo o mais íntimo e depravado ato do amor tinha privacidade. da janela, a luz. da luz, os escombros. e os tombos nos joelhos finos. ela se equilibrava meio vareta, meio mulher. meio criatura mística e uma outra metade, a menor metade de todas, meio exaltada. enamorada.
ah, seus cabarés.
ela quase nunca entrava e ela quase nunca deixava de estar. nunhum movimento lhe fazia jus; naquele instante de sexualidade simples, a culpa era ainda mais íntima do que poderia supor. a culpa era uma deslexia. uma contemplação em falso. um testemunho revogado pela pouca idade que tinha. ocorreu-lhe uma lembrança, uma sensação como uma inflamação constante e débil que emergia pela pele. NÃO FARIA PLANOS, NÃO SE PERMITIRA TANTO. não se permitira nada, aliás, após um decoro. ela abateria os brios, eu pensava, caso descobrisse quem eu era ou o que fazia ali. a nudez era uma colocação social na realidade. não faria sexo (entenda aqui com clareza), se não tivesse necessidade de se posicionar socialmente. era exatamente o que pensava. e os pensamentos dela apressavam-se e, logo que ela descuidasse, tentavam tomar a forma de seus braços. e pernas. e queixo. e quinas. e emergia de sua pele, como outrora, entupindo os poros, a racionalidade.
só precisaria de dois minutos, e tudo aquilo estaria acabado.
ah, seus cabarés.
qdo tu vai escrever um texto sobre a minha pessoa ??? hahaha o andreson quer a biografia eu soq uero o texto
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