segunda-feira, 29 de setembro de 2008

de você, meu amor

SEXTA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO DE 2008
-falarei por sexta.



esperá-la chegar era um prazer. agora é uma agonia.
e mais uma agonia? INSÂNIA, não sei ao certo o termo.
uma insensatez ridícula. imprópria, vazia.
outra maldita espera que se prolonga mais que o necessário.
o que seria inventado o suficiente para continuar?

eu me sinto impossibilitada de tirar outro sonho.

(eles vão me odiar para sempre. meus sonhos vão me odiar para sempre.)

e que sempre mais breve para se odiar, não?

parece pouco para quem vê. assimila-se a nada.
quem vê de fora não vê nada do que eu vejo.
INSÂNIA.
eu me sinto tonta. a vacilar-se. tornar-se louco, resumir-se a pouco menos que cem gramas - eu sei, eu mesma contei. divorciar-se.
e então casar-se com um futuro arranjado. vão achar que eu sou idiota. ou nem vão achar que eu existo.

é possível falsear o cenário?
é possível falsear o cenário.

eu queria tirar a cabeça e os ombros. existir dali para baixo. gastar o chão de tanto andar em cículos e então expulsar-se da própria órbita, densa e poética como os feixes de luz dos lábios dela.

redimir-se por um propósito?
que propósito?
que mérito?
que honra?

É UMA AGONIA.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ah, seus cabarés

ah, seus cabarés.
ela fazia como um passeio de botão em botão, com pausas para goles de café e intervalos de tempo. pois que tempo suficiente para que rediressionasse o olhar para o pálido do corpo que se mostrava breve e contínuo, cada vez mais. amanhã não vai existir, eu pensava. amanhã vai deixar de existir para sempre. assim prosseguiu o legado. a troca de olhares de olhos que se multiplicavam: havia uma multidão a olhá-la. imaginava ser uma invasão. diabos, nem mesmo o mais íntimo e depravado ato do amor tinha privacidade. da janela, a luz. da luz, os escombros. e os tombos nos joelhos finos. ela se equilibrava meio vareta, meio mulher. meio criatura mística e uma outra metade, a menor metade de todas, meio exaltada. enamorada.
ah, seus cabarés.
ela quase nunca entrava e ela quase nunca deixava de estar. nunhum movimento lhe fazia jus; naquele instante de sexualidade simples, a culpa era ainda mais íntima do que poderia supor. a culpa era uma deslexia. uma contemplação em falso. um testemunho revogado pela pouca idade que tinha. ocorreu-lhe uma lembrança, uma sensação como uma inflamação constante e débil que emergia pela pele. NÃO FARIA PLANOS, NÃO SE PERMITIRA TANTO. não se permitira nada, aliás, após um decoro. ela abateria os brios, eu pensava, caso descobrisse quem eu era ou o que fazia ali. a nudez era uma colocação social na realidade. não faria sexo (entenda aqui com clareza), se não tivesse necessidade de se posicionar socialmente. era exatamente o que pensava. e os pensamentos dela apressavam-se e, logo que ela descuidasse, tentavam tomar a forma de seus braços. e pernas. e queixo. e quinas. e emergia de sua pele, como outrora, entupindo os poros, a racionalidade.
só precisaria de dois minutos, e tudo aquilo estaria acabado.
ah, seus cabarés.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

C

ela puxava minhas palpebras como pequenas cortinas, de modo a não me deixar pregar os olhos jamais. ela me gostava viva, pulsante. ela me puxava em seguida com força prestante e indecorosidade de serviço inacabado. aquela urgência de corpo com corpo. dente com dente. e a imagem que me vem à cabeça? ela, a me amar com os dentes. ela fazia um movimento circular com o pulso, como se insistisse em um instante e hesitasse no outro.

mordia minha mão inteira e então sorria, com aqueles olhos pequenos e fundos. olhos de um desejo subalterno e silencioso. seu olhar era o olhar mais adjetivado que conhecia. tudo estava contido nos olhos dela, como um céu, nos dias de tempestade. parte de mim transbordava em certas linhas de tempos em tempos e nada me interessaria, a não ser a eterna preocupação em relação a seu comportamento de dependência.




não mais breve do que previ, deixei-a. sentada, cansada. e deixei que repetisse os mesmos verbetes que lhe disse quando devastei meu gostar declarado por ela. achei que poderia comentar sobre sensações menos propícias do que esta, mas esta é a única sensação de que me lembro. tentava evitar fazer uma comparação literária, entretanto, não tinha outra possibilidade para defini-la. ela também tinha olhos de ressaca, machado. agora sim entendo o que eram e o que fizeram comigo. era mesmo uma ameaça. ela me puxaria, me tragaria, me arrastaria para dentro dela, INEVITAVELMENTE.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

escassez

viver tudo de novo.
silêncio, gostar calado.
cegueira.
arrogância.

eu não vou conseguir. eu não vou conseguir. eu não vou conseguir. abrir mão outra vez? eu não vou conseguir. eu já passei do limite. do extremo. do possível. do humano. do carnal. QUANDO É QUE VOCÊ VAI ESTAR COMIGO? eu não quero ajuda ou salvação. terapia. choque. pena. briga. bronca. descaso.

(caso ou não caso?)

eu já morri afogada nessa agonia constante, nesse estado de guerra perene dentro de mim. e essa batalha não é lá fora: esse lixo é meu.

ela é oitenta, vocês são oito. e eu sou puxada com força de um lado para o outro.
esticando, deformando.
esticando, deformando.
esticando, deformando.
esticando, esticando, ESTICANDO.
e deformando outra vez.

-DEFORMAR v. tr, do lat. deformare: alterar forma de; desfigurar; tornar desforme.

meu espelho não reflete nada. não vejo. não me exergo um palmo diante do nariz: eu não me encaixo em nada. não pertenço a lugar nenhum porque tudo me encomoda e me inquieta. minha avaliação não me permite nada. AH, MALDITA FELICIDADE COMPRADA, DESONESTA.

-DESONESTO fem. sing de desonesto. adj,: impudico; devasso, indigno.

felicidade bilateral, daí sua impertinência. sua incompetência. sua carência de tudo - dificil dizer-se plena em que consiga estabelecer-se de fato. esse lixo não é meu.



escassez em relação a necessidades crescentes.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

nervos e torradas com geléia

minha paixão por tornados.
será necessário decretar o óbvio?
eu acho que vou fechar.
-essa mania de poetizar tudo.
não me venha com grosseria, caso contrario, sairei.
não me venha com grosseria, caso contrario, sairei de novo.
e sairei outra vez.
sairei quantas vezes forem necessárias.
como diz:
a porta da rua é serventia da casa.

passei um copo d'água.
e um outro de nada.

money must be funny

_

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

diagnóstico de cor, e de corpo

acho que morri, não sei. pedi óbito de mim.

e não. não está nada claro: o diferente acanha.
eu poderia arranhar todo o rosto e me mostrar para o mundo que você diz rosa. engraçado, sequer rosas são rosas. a conclusão que se chega é a seguinte: mentira. quem vende aceita vender mais? parece lógico que todo mundo vai preferir um computador a uma máquina de escrever? o diferente acanha. eu poderia agora arrancar meu rosto e me jogar no mundo só corpo. eu não consigo me concentrar. nem digerir. nem ingerir nada. não almoço há dias. tudo me embrulha o estômago. e me enjôa. e enjôa. e me vomita. eu mesma me vomito e me regogito nas próprias mãos, escorrendo pelos dedos, nojento e sujo, feito areia, nojento e sujo.

você desiste de um pelo outro? eu faria uso indiscrimidado do sexo, recreativo. mas os beijos sei que vão me pinicar. sei que a lingua terá espinhos e os dentes, crateras. que os lábios formarão pequenas giletes. as vertebras serão espadas. e as espadas, as armas, pétalas.

diz-se.
precisaria se ajustar.
(mas é totalmente desajustada)

diz.
meu juízo é uma aparência, entenda.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

não me vejo

eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar entender as explicações que lhe ofereço em troca do que se perdeu. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar resolver os cálculos que lhe propus em troca do que se gostou. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar subornar uma amiga que lhe ofereço em troca do que se comportou mal. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar aplaudir a idéia que lhe ofereço em troca do que se rompeu. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar abraçar os braços que lhe recusei em troca do que conquistei. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar estorquir a loucura que lhe oferço em troca do que lhe neguei. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar não lidar com a bebida que lhe ofereço em troca do veneno que lhe doei. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar impedir o não-beijo que lhe ofereço em troca do beijo que lhe dei. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar segurar o segundo que lhe ofereço em troca dos meses que lhe arranquei. eu o vejo. ele de costas para mim, a tentar justificar a frase que lhe ofereço em troca do silêncio que se propagou. eu o vejo. ele de costas para mim. não me vejo; não o invejo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

alternância

não escrevo há 4 dias, seis horas e 3/4 de minutos. tenho tido um silêncio constante em relação ao que digo - ou pelo menos ao que tento dizer. em gestos, um coro me manda calar a boca; e que boca? saudades. respiro com pressa do instante seguinte, como se precisasse do instante seguinte mais do que qualquer outro que pudesse decorrer após este. reclamo.

estava achando pequeno e barato, mas na realidade era só um contrato breve de trabalho. eu achei que poderia tê-la consebido sob um novo ponto de pespectiva, mas, não. outra vez, não. estão enrolando por algum motivo. eu, há pouco, comentei que o estado das coisas deveria ser reavaliado. e de fato foi, entenda novamente. todas as 3 coisas que criei fazem parte de um novo círculo. ou de um pequeno cubículo de mentes. inflamo.

recebi uma carta de prestação de contas, como um banco de débitos apenas. descontaram 15 e agora mais 7. estranho, sou só uma. pensei ter guardado as notas no bolso, e os bolsos na calça. as calças no armário e o armário no quartinho dos fundos: lugar que não mexo nunca. mas, pelo jeito não. outra vez, não. reclamo.

então nota-se um padrão. uma construção que tenta fechar um novo estilo. e que tenta se estabelecer ou ao menos embelezar. eu achei que era uma pessoa importante, premiada. sabe, dessas que passam na rua, e os outros 6 sentados no bar reconhecem e chamam pelo nome - ou pelo sobrenome. uma besteira. eu queria ser reconhecida por bêbados de grandes teorias socias. inflamo.

repito uma idéia como uma martelada constante. ou como água que ferve. ferve. ferve. e continua a ferver até atingir o máximo. e então some. some. some. evapora, até deixar de existir. breve, reclamo.

e volto a inflamar.

sinceramente? não sei.

- isso é seu?
- é. mas, sei lá. é dificil saber o que nos pertence realmente.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

a casa na árvore

aquele era um ambiente impróprio. será que você ainda se lembra dos pequenos papéis brancos que eu deixei em cima da mesa? aqueles papéis da separação que eu mesma escrevi e fiz questão de entregá-los a você naquela quinta-feira, como se não pudesse deixar passar sequer mais um dia? e não poderia mesmo. as estruturas, as sentenças: foi isso que eu achei estranho. a maioria havia sido inserida: não pertencia, dessa forma, gostar aquilo que contruímos juntos. mas entenda, você, que essa noite não vem de encontro ao único pedido de desculpas que me propôs. eu aprendi que isso me fez bem e que isso, sobre você, não se entendeu nada. nem subentendeu, foi você quem entendeu tudo errado. você guardou o que deveria ter perdido; e o perdido? agora já está guardado, assim como os vasos. os talhos. os talheres. as telas. as tintas e as tentativas seguidas de choro. tudo em caixas de raia pequena, como também a mostra de uma pequena organização de despedida. nossa segregação foi escrita à mão, em um guardanapo.

agora você sente o impacto?
nossa cidade mudou muito.
você pode até criar um costume, mas não é perfil.