segunda-feira, 21 de maio de 2012

cartas marítimas | 6

fildsville, 12 de maio de 2022.

querida maria paula,

tenho pensado sinceramente na possibilidade de visitá-la. sei que minha presença em sua cidade, como todo objeto estranho dentro de uma rotina, talvez lhe cause desajustes cotidianos - acontece que minhas descompensações aqui tem sido tão grandes, que qualquer tipo de esboço de novas chances já me farão bem. espero não incomodá-la ainda que esta visita esteja sob permissão de seus convites.

o brasil é realmente um lugar sobre o qual nunca mais pensei. e por isso imagino que, aos poucos, tudo que deixamos de pensar tenda a se distanciar de nós. então esta visita cai sobre mim não apenas como uma vontade inegável de encontrá-la, minha amiga. mas vem como um desejo de testemunhar sua evolução, de produzir algo, de avançar. é preciso conviver, e é preciso muita disponibilidade para isso. 

'esta cidade respira paixões', você me disse. então eu vou mesmo sem saber qual tipo de roupa devo usar, qual tipo de sapatos. já não confio plenamente em meu comportamento e confesso que existe certa infantilidade nesta sensação ao mesmo tempo que a ideia me seduz. dizem que as viagens não são apenas os destinos para os quais se vai, por isso decidi que a farei de navio ate aí. este sentimento de estar rasteiro ao mar bastante me agrada. além disso, poderei ver o mar de perto - me embriagar um pouco da felicidade que ele sempre me trouxe.

novas notícias sobre sabrina, pois não aguentaria até o desembarque para contá-las a você. estamos distantes novamente. preciso aplicar a ela a mesma disponibilidade que dedico a escrever - o que tem sido precisamente difícil. sua presença é como um costume para mim - e talvez eu não tenha mais idade para criar novos hábitos. aliás, como está pedro?

aguardo noticias suas,
quanto a minha chegada aí, principalmente.
saudades como sempre, minha amiga.
que a semana transcorra bem,

ana.  

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