estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
sábado, 18 de dezembro de 2010
à guerra
onde está a diferença entre a persistência e a batalha? na guerra, é pior para os outros. não para os que lutam, mas para os que esperam em casa, o soldado retornar. morrer na guerra não dói - é a dor atemporal da espera que causa morte. será que você vai morrer enquanto eu estou aqui fora? a minha espera tem uma dor com ela também - porque o meu corpo tem uma linha traçada bem no meio dele, tirada de uma impressão que o seu corpo, tão leve, outrora deixou em mim. fechei a porta de casa, mas não tranquei as janelas. ainda adianta, será, a brisa densa da guerra que permanece sobre a minha cabeça, tornar a varrer esses corredores vazios da sua presença em mim? e a minha presença, em ti, meu amor, como fica? há de haver regresso em toda guerra, ainda que santa, ainda que desconexa de derramamento de sangue, a simbologia da violência sorri para mim. eu ainda acredito.
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