estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
out
você vai deitar de qual lado? eu só poderia ter-lhe perguntado isso. o corpo meio amolecido pela bebida, meio entregue ao cansaso, fez seus olhos se esticarem. seu consentimento estava por toda parte, mesmo que você não o tenha visto. não sei a que horas você ou eu chegamos. nem com quais pernas, nem com quais braços. mas agora eu permaneco deitada também para deixar que o mundo colecione meus interesses. quanto as minhas experiências, você nunca as experimentou, eu sei. então eu poderia sim tratá-la como esta noite bêbada e piscante. desvairada. eu poderia tê-la jogado aos pequenos bichos que veneram o corpo de meninas como você. e por você, eu digo, meio cinematográfica meio contemporânea. foi sua contestação que a trouxe até aqui? a sujeira urbana, a megalomania das histórias, a droga, os vicios juvenis e abismais? é entre a prosa e os verdadeiros fatos que existem os segredos. então eu teria que vê-la fazendo coisas mundanas, sem reverência. eu não poderia vê-la sorrir. não, eu não poderia. foi por esses cigarros que você veio? quais guerras você deixou para trás? você não diria. sua voz é estrangeira demais para mim - e a minha também seja para você talvez. vão tratá-la mal, pisá-la, mandá-la a merda. é isso que a ânsia faz com as pessoas, não é? 'tenha calma', mas isso é para mim. eu fico deitada na cama ao seu lado. imagino sua voz meio rouca, porque isso é tudo que posso. você, odiosa dos meios termos, levou meia duzia de abraços meus. nós fumamos uns cigarros e bolamos planos.
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