terça-feira, 29 de setembro de 2009

Velha Eterna | 2

(...) Talvez um dia ela ainda pudesse executar um protesto. Entre as pilhas de caixas vazias, estava colocado ali um monte de folhas enroladas presas por um elástico fino. Tombou um pouco a cabeça a fim de alcançá-lo primeiro com os olhos e depois com a interpretação. Uma mulher cuja interpretação muitas vezes falhou ou falou bem menos do que o esperado talvez pudesse fazê-la conter o entusiasmo agora. Entusiasmou-se. Tratar de um homem como ele merece seria inutilmente destratá-lo, então continuou. Uma mulher que desconsidera a curiosidade torna-se adulta. Na reluta que existe em crescer, tratou de deixar que os olhos caíssem logo e ainda mais sobre as folhas no fundo no armário. Vou voltar a ser criança, lhe ocorreu. A felicidade de alguém que pula fica visivel quando se chega ao chão, sendo assim, esticou o braço para alcançar as folhas e reclinou o corpo como um todo para voltar a pensar com a imaginação que teve há vinte anos. Sentou o tronco no chão e então vieram as mãos a rasgar o enfeite que mantinha intacto o calhamaço - entenda que tudo que exceder o número de uma página já pode ser considerado um livro grande e de dimensões intelectuais consideráveis. Para ela, a inteligência eram as relações secretas sobre as quais se tinha habilidade de manter. Em um desdém, arrancou o elástico. (...)

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