o homem dela:
E eu tentava entender. Eu tentava abrir o olho para entrar mais luz – mas então vinha o medo de ficar cego, ou de ser tomado por uma maré grandiosa de inteligência. Não sou um homem que nasceu grande. Então eu fazia o inverso. Era como se eu pegasse a parede, e a puxasse para próximo de mim. Meu olho era fixo para isso, e eu engolia tudo até minha cabeça ganhar dois túneis adentro no lugar dos olhos. Puxaria a Marcela, a sala, a mesa, o objeto todo. Eu via o fundo, o fim. Alguma coisa pequena e que quase não falava, mas que dava perspectiva no breu. Essa coisa era a esperança para mim. Eu imaginava um túnel enorme na minha cabeça.
Eu tinha feito uma expectativa, uma espécie de trilha no meio do mato. Somente a precaução dela seria capaz de me arrancar a vida do peito. Se ela me considerasse mais, eu estaria acabado. A minha linha de pensamento tem um tom de eco, de ressonância. Se ela me considerasse demais, eu estaria abandonado também. Então a minha dor tinha que ser uma moção do abandono – ou da companhia demasiada. Talvez a gente precisasse de diálogos, mas as palavras por tantas vezes arranharam as paredes que mesmo eu, este segundo doente mental, já não agüentaria a destruição da mobília outra vez. Para isso eu teria que forçá-la a parar. Parar de dar remédios, receitas, bolos crus. A instância das horas passava como um desafio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário