estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
domingo, 31 de maio de 2009
as composições
eu teria que pensar de uma maneira analógica, imaginava. precisaria desconstruir o pensamento. e esse meu linguajar pobre, jogar pelos ares. eu tinha uma grande vontade de desconstruir mesmo - e eu dedicava diversas horas a pensar sobre isso. eu pegava rápido o jeito das coisas porque eu tinha sido criada assim também. eu fazia questão da desconstrução. eu quase entrava na luta. eu fazia da mansidão uma perspectiva. e quanto a observação do outro: alguns observam, outros não - era isso que eu tinha entendido do discurso. porque o olhar descontrói - eu sei, essa palavra ainda seria usada muitas vezes mais. o que eu ainda duvidava era da consistência da relação: ou era o casamento ou a dicotomia perfeita. por isso eu fazia do meu olho uma experimentação, uma fração qualquer de segundo. eu compunha enquanto não tinha nada para fazer. eu tinha que entender os detalhes meus para o outro. e então vinha o pensamento e eu cuidava para que tudo existisse - porque o cenário podia não existir. eu colocava as coisas dentro da postura e das possibilidades. eu ajeitava tudo. eu cuidava para que as coisas realmente existissem, para que o perfeito perdesse o controle. o fogo era lindo e as chances que eu perdi foram outras, as meias, as tantas outras vezes que dormi nunca voltaram - eu relatava a minha desistência nas horas de fadiga. eu compunha enquanto não tinha nada para fazer. eu punha a vida em ordem, os perfumes, os livros em ordem. eu punha os CD's, os vestidos, os desenhos em ordem: às vezes a minha composição era proposital. (...)
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viajei no teu texto. parece que tu foi riscando sem levantar a mão do papel. ta bonito haha
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