acontece que eu não era uma mulher, eu era uma jaula. eu pegava as grades da minha frente e me afastava. a jaula do mundo era dos outros. toda aquela deixa, toda aquela sujeira do passar das semanas. enquanto todas elas paravam, eu recuava para o meu cigarro também - naquele fogo mínimo que eu tinha. eu não mentia, eu não transfigurava. eu somente passava pelas outras a comtemplar e a sabotar cada um de seus detalhes. porque eu era um grande adereço, um grande colar de experiências e de tombos. e eu teria que acordar, pular da cama, cair no mundo. acontece que pela minha distração, eu perdia o simbolismo nas mãos, e as mãos nas grades. imagina uma mulher presa: era eu. enjaulada. posta de lado, deixada de lado, em paralelo. eu queria passar a existir na liberdade das bordas: as mulheres do sonho existiam assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário