estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
domingo, 31 de maio de 2009
as composições
sexta-feira, 29 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
da praticagem das coisas
o fim é a perda da graça.
Marcela | 3
domingo, 24 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
as mulheres do sonho | 2
terça-feira, 19 de maio de 2009
quando julgou-se, finalmente
mas sou todas as mulheres que quis ser com isso.
as mulheres do sonho
segunda-feira, 18 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
e então existe eu
quinta-feira, 14 de maio de 2009
as faculdades humanas
se não a realidade, a utopia me fará caminhar
e me fará mover, essencialmente movimentar-me.
Os outros
segunda-feira, 11 de maio de 2009
O vômito
domingo, 10 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
da intimidade | 2
a boca é do outro, a fala, o brilho todo do outro.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Marcela | 2
E eu tentava entender. Eu tentava abrir o olho para entrar mais luz – mas então vinha o medo de ficar cego, ou de ser tomado por uma maré grandiosa de inteligência. Não sou um homem que nasceu grande. Então eu fazia o inverso. Era como se eu pegasse a parede, e a puxasse para próximo de mim. Meu olho era fixo para isso, e eu engolia tudo até minha cabeça ganhar dois túneis adentro no lugar dos olhos. Puxaria a Marcela, a sala, a mesa, o objeto todo. Eu via o fundo, o fim. Alguma coisa pequena e que quase não falava, mas que dava perspectiva no breu. Essa coisa era a esperança para mim. Eu imaginava um túnel enorme na minha cabeça.
Eu tinha feito uma expectativa, uma espécie de trilha no meio do mato. Somente a precaução dela seria capaz de me arrancar a vida do peito. Se ela me considerasse mais, eu estaria acabado. A minha linha de pensamento tem um tom de eco, de ressonância. Se ela me considerasse demais, eu estaria abandonado também. Então a minha dor tinha que ser uma moção do abandono – ou da companhia demasiada. Talvez a gente precisasse de diálogos, mas as palavras por tantas vezes arranharam as paredes que mesmo eu, este segundo doente mental, já não agüentaria a destruição da mobília outra vez. Para isso eu teria que forçá-la a parar. Parar de dar remédios, receitas, bolos crus. A instância das horas passava como um desafio.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
no poço dos desejos
eu queria deixar preservadas as coisas boas que a gente viveu, porque agora a vida seguiu em frente também. eu queria ter tido tempo no começo para dar metade de mim que você conheceu da metade para o fim. eu queria de novo as horas que foram vagas, e as vagas horas ao seu lado de espera - porque até a espera tem um encanto no processo todo. talvez gostar precisasse de mais prática, de mais habilidades que eu não tinha. e a família que era minha deixou de ser. as coisas que eram minhas, as minhas vontades, perplexidades: tudo depositado em você. agora esta moeda de troco de cigarro, de café frio, mal pago: eu queria transformar você em uma lembrança atemporal. não a localizarei no tempo, nem na minha história. porque a história que é nossa é o que eu acabei por me tornar também depois de tudo.
até o poço dos DESEJOS ainda é um poço.
terça-feira, 5 de maio de 2009
notas de fora | 3 - segunda parte
segunda-feira, 4 de maio de 2009
o banco de ossos
foi como eu te disse, eu estou envolvidissima
eu parei em você.
e tenho parado cada vez mais.
eu tenho diminuido, desacelerado o rítmo.
tenho pensado, saído cada vez mais das adversidades.
e tenho pensado no que a gente era, e no que se tornou.
o que há para a gente ser ainda?
o que há hoje que não havia antes?
porque a minha vontade é estar com você.
e de estar no seu beijo.
no seu abraço
no sentir do seu cheiro.
no usar de mim pelos seus braços.
porque o seu cheiro ficou na minha blusa de ontem.
e você foi minha referência a noite inteira.
o beijo que é seu ficou em mim, até os seus silêncios, os seus suspiros ficaram comigo, e dormiram comigo também.
eu estava próximo do desejado.
- e isso era privilégio de poucos.
e se é isso, se a paixãoo é isso:
então eu estou apaixonada também.
porque a paixão pra mim é simplesmente isso.