domingo, 2 de outubro de 2011

felicidade são horas

saudade do amor involuntário


a disposição é uma coisa que acontece delicada. quase me pega pelo colo, no balanço deste barco no asfalto, no dispensar de toda preocupação. tenho márcio em meus olhos, mesmo que ele tenha posto o rosto a me olhar e só. engraçadas são as coisas de agora. a tudo que é eternizado, é engraçado, parece lhe cair sobre certa seriedade. "saudade do amor involuntário", foi assim que decidi chamá-lo. agora, sentada, já não posso decidir quase nada. pois que márcio me torna paisagem, sorriso, completude. há pouco pensei em dizer para que descêssemos daqui, que pulássemos pela janela, que rolássemos pela areia. precisava tocar-lhe, sentir dele o cheiro real de sua presença. ao mesmo tempo, sua observação caía doce sobre mim, como parte de tudo, como anjo daqui mesmo, me fazendo sentar outra vez. eram essas as duas naturezas. márcio, você me vê. eu era vista. eu era sua imagem de hoje. e hoje, para mim, tem o seu balançar de braços a me seguir. acontece que agora, quando assisto a mim, minha falta de sincronicidade me irrita. mas eu sei que ele conseguiu capturar minha forma mais pura, mais simples de mim, minha agitação, talvez. minha urgência de viver.

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texto baseado no conto de dayane rodrigues, "decupagem"
do blog: http://palavrasbambas.blogspot.com/

link:
http://palavrasbambas.blogspot.com/2011/09/decupagem.html

Um comentário:

  1. Leio e releio estes fragmentos e tenho uma plena sensação de que Márcio, ela e eu somos um só.
    Tudo dá um nó!
    E aí, vejo que isso é poesia, é literatura, e um punhado de passionalidade.
    'Minha filha querida', essa maternidade vai render vidas múltiplas.
    Um beijo :)

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