insonia seria deitar-se perto ao estar longe.
deitei: não consigo dormir. penso e existo em você. são quatro e quatro da manha. perdi o sono porque pensei e não parei mais. questionei morrer. as palavras tem o poder de levar as pessoas. se digo para ana que respiro ao seu lado, então quase vejo transpiração aqui. não estou perto, mas dentro e ao redor. proximidade é para mapas, porque se me dissesse próxima, quando digo de alguém, teria de me dizer diretamente fundida a ela. confundida com ela sem saber quais foram os braços meus e quais os dela que me deixaram. acho que só nós estamos acordadas no mundo. há um silêncio incomum do mundo aqui. então eu ouço você. meu soluçar faz musica que só você escuta: só há você que me ouve agora. eu te abraço com os seus braços em mim. me sente? eu estou aí, ao teu redor, em ti, respirando.
teria que me dizer fundida sem saber quais foram os barcos que me trouxeram e quais me levaram até ela. carências são insoluveis e eu as tenho. alegoricamente, ana também as tem tão belas. abra os braços, porque vamos fazer não só um país, mas um planeta de vênus somente nosso. há um ritmo próprio que sinto, um balançar feito das palavras ditas da transcrição do que sinto que é isso. preciso de ti - de tudo, te preciso. esse rítmo é meu & teu. posso dormir somente agora que cheguei onde está e que a presença de ana deitou-se comigo. se posso pedir, peço que durma com os anjos, os mesmos anjos que trouxeram ana para mim. se sou, então somos.
se vou, então iremos juntas. a imaginação vai provocá-la sempre. imaginar é o que resgata o infinito de nós aqui. perdi a distancia e diminuí uma légua com o futuro próximo. o tempo exige tempo. era hora de puxar o futuro pelas costas que mostra e dar um salto sobre seus ombros. eu me imagino saltando sobre os ombros do futuro e me pondo bem à frente dele. não sinto a irritação de nenhum outro dia porque tudo aqui é fascinante e cerebral. eu sou o futuro dele mesmo. sou a própria ana que me tem imersa em sua perplexidade feminina e mundana. porque somos daqui, eu e ela. nosso ritmo tem pequenas imperfeições dançantes. não há nenhuma dança perfeita, há passos ineditos de quem nunca esteve aqui antes. eu tive a permissão de viver. eu sou da retração que esta vida nossa me traz e do relaxamento pleno sob o qual sou conduzida, tão perto de seus olhos, nos quais me vejo. se vejo, então vemos. porque sou a parte minha entregue a ana depois de tomada pela parte dela posta em mim. não vivi, mas depositei uma vida sobre o campo do futuro de ombros puxados. vejo vento no rosto que desconheço - e ironicamente, me conheço aqui. eu me entendo. o futuro não é algo que se alcança, mas que mergulha na experiência de hoje. no sexo da luz de fora, no beijo da luz de dentro, no eixo do feixe de luz que emana do corpo, sua parte sem matéria ou peso também me cobre. ana é linda, o que mais existe?
Nenhum comentário:
Postar um comentário