estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
terça-feira, 27 de julho de 2010
a intenção tem um cheiro | 2
o que é que vem de mim, eu não sei, sai de mim alguma coisa sem nome. há dias que eu sonho com a mesma coisa, alguma coisa que eu não sei o que é. eu tornei a casa, como quem retorna de uma viagem sem volta. eu voltei, mas eu não desfiz as malas ainda. eu perdi o meu tempo? eu perdi o tempo todo. eu preciso criar, para de escrever para mim. eu era uma personagem: todo mundo tinha que ser. mas que personagem ordinária não imita vida nenhuma? eu preciso canalizar a minha inteligência; mas eu não consigo. eu perco o foco; eu, mulher, eu cego, eu não falo. a minha vida não existe. eu me sinto tão triste. se o arrependimento existisse, eu o mataria. eu já morri, por isso eu tenho horror de morrer - mas na dor existe uma coisa mágica. eu não admitia a minha felicidade porque eu me inconformava com ela: feliz todo mundo poderia ser hoje. se eu fosse feliz, eu seria mais do que feliz. há tempos eu não me lembrava de ter ido dormir em uma noite de tanto silêncio. eu estava surda também.
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