quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Velha Eterna | 6

(...) O próximo poderia não existir. Se um texto deve incidir sobre um fato concreto, um completo devaneio não deveria ser digno de um texto para exprimi-lo. Talvez uma mulher nua diante disso não tivesse argumentos também. A essência dela poderia preceder a experiência, mas quando? Antes de tornar a virar a página, passou a mão por cima dela diversas vezes. Às vezes, o peso. O pescoço caiu um pouco e a mão foi posta atrás da nuca. Nunca tinha lhe ocorrido nada assim antes. Teria que aguentar o peso da cabeça sobre os ombros e o da curiosidade sobre os olhos, debaixo das pálpebras. Era incrível o que se formava diante da nova folha virada. Imaginava como fazer para conduzir tudo aquilo. Imaginava o que a poderia ter trazido até ali. Nem sem os critérios pressuporiam justiça, então aquietava-se. Puxou o cabelo e analisou as veias azuis - infinitamente azuis - que tinha no braço. Apoiou as mãos no rosto e o rosto no corpo inteiro. Era essa o cansaço que tivera da leitura da carta da prostituta. Agora as coisas seriam diferentes. Eu teria participado daquela cena se pudesse porque era belíssimo observar uma mulher que tem cuidado descuidar-se constantemente. A segunda carta era a carta do louco: (...)

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