terça-feira, 27 de setembro de 2011

ana sobre o bom tempo

é como o bom tempo que convida a um passeio.



ana acorda. coloca o braço na poltrona, fecha os olhos e volta a pensar. de repente aquilo já tinha se tornado uma história - não dela, literatura, mas da realidade da outra. pois que para ela a mulher voltava a janela todos os dias, para ver o que pareciam ser fitas métricas, botões ou tosouras que alice, olivia ou clarice usava. sabia vê-la durante o dia, mas saberia ela imaginá-la quando escurecesse? o final da tarde não conta, não é escuro o suficiente. nada por volta das 18hs deve contar. então conta com o que vê, com aquilo que sabe contar e lhe cabe nos dedos. ainda seria preciso atrever-se, mas essa mulher era nova demais para ela. ainda vai mantê-la suspensa no ar, noutra janela, por mais três ou quatro páginas. este cenário de troca era diferente e tinha puxado ana de outra maneira. sentia uma vontade de voltar a escrever o tempo todo, e ao mesmo tempo que precisava fazer dela prosa, precisava vê-la atentamente.


ainda com os olhos fechados, sabe que o sexo durante a semana é infinitamente mais excitante pela falta de expectativa. a transa de quarta-feira, da segunda de manhã, da terça a tarde, do lanche que durou dez minutos. a intenção sexual do final de semana é sempre parecida demais, então pouco teria a falar sobre isso. o jantar, o filme, os corpos, o sexo. a quanto tempo está vestida? a quanto tempo não recolhe a toalha do cansaço e joga a toalha do banho? há tanto tempo, pensa ana.

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