quarta-feira, 28 de abril de 2010

você não segurou o seu chão

CONTINUAÇÃO:

os muitos risos, e as armas que usamos: há sempre um espaço para se preencher sob a pele. você sabe, me conhece - eu já estive no mar. você põe suas âncoras em mim, como eu me lembro. põe suas coroas, suas tantas pernas cujas dobras já entortaram tanto em mim. tudo canta bem mais triste do que antes. haveria ainda uma razão para uma perda tão irrisória quanto esta? para o sorriso seu, de mexer tão pequeno e quase nenhum, em um céu de estrelas que era o seu rosto, eu ainda vejo a beleza deixada nas margens. nas poucas vertebras que me sobraram, ainda o ensaio do meu corpo a manter firme a minha imaginação. o futuro é o que eu imagino? o futuro é o que me toma o tempo agora, enquanto passo a gastar a espera com imagens de paisagens austeras e secas. de cenários quase alienígenas, de carentes intenções, da minha presença emprestada a você. eu não tive disciplina, nem fundamento na minha discórdia. então eu tenho de arcar com a falta? e eu não sei como você segurou o seu chão.

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