terça-feira, 23 de junho de 2009

catástrofes

peguei uma mulher sentada em um banco, hoje. ela lia um documento impresso em papel branco e já descriado de um dos envelopes que tinha na mão. para mim, ela não apresentou feição alguma. que distância entre nós? - eu quase deixei escapar na voz enguiçada que eu tinha. nada do meu ruído lhe fazia desrotular a atenção da folha. uma mulher cuja idade tinha avançado sobre o corpo, cabelos que atingiam os ombros diante de um descuido, ou diante de uma falta de tempo talvez. caso o metrô tivesse chegado mais cedo, penso nunca poder ter encontrado com ela - porque uma senhora de mãos tortas, uma senhora de cílios finos e ralos, de aspecto que poderia facilmente beirar o recuo, de óculos não somente escuros, mas densos, de linguajar nenhum, de sapatos bracos e de pérolas no pescoço, pouco visível e cega talvez nunca chamasse a atenção de um homem como eu. eu me sentia um traste.

2 comentários:

  1. vc eh um homem muito intorspectivo, cara noelle...
    ;]

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  2. o bom do "Pede pra sair" eh que não saii neh Dna NOinverno!

    hahaha
    Bjus

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