Faz parte da história do mundo manter dentro do espectro as coisas pelas quais se tem interesse – e tudo que constrói com o homem uma unidade. O homem é fruto de sua cultura, ainda que desenraizado, “acimentado”. Mesmo no íntimo do indivíduo, a sociedade será constantemente apresentada ao homem e o homem deverá, com ela, confundir-se. Então, se há ensino da desobediência passiva, perde-se o homem em troca da massa de homens – e o processo de estímulo ao carnaval torna-se um processo quase diabólico e catastrófico, nesse sentido. Não são mais homens estes; mas, infelizmente, contam-se por milhões.
Já dentro da limitação da cultura e da civilidade do mundo, perde-se, enfim, o mundo da troca: é áspero o caminho da liberdade. Agora, talvez seja enfim o tempo de iniciar o processo inverso.
PENSO, LOGO EXISTO (RENÉ DESCARTES)
Pensar é restrito, mas já engloba um gigantesco passo na libertação – apesar de insuficiente. Então a intenção de querer completa o ato de pensar: é o homem enquanto age. E a ação pode desencadear um ato abstrato, uma abstrata fuga: a crítica. Nesses tempos de cólera coletiva a crítica talvez seja uma arma eficaz que – não só faz defender a individualidade –, mas também propõe transformação na coisa criticada. Assim, a consciência crítica depende do conhecimento de mundo que se tem. É o conhecimento que possibilita a crença, a aceitação da verdade. Se não há conhecimento, portanto, nada pode ser absoluto, ou idolatrado. As coisas tem de ser verdadeiras no seu próprio juízo – e não no juízo de outrem: daí a eliminação definitiva do culto da personalidade.
junho/2010
excelente, mesmo.
ResponderExcluirapenas um pedido: parágrafos.
abração