acordei. não tinha dormido. talvez depois de ontem tudo tivesse voltado a ser como era antes - porque eu voltei mesmo todas as roupas velhas para o lugar. eu não disse nada, eu sequer abri a boca. se dependesse da minha vida, pudera eu já ter morrido bem antes. desisti de contratar o tempo, e de indenizar tudo. não há nada diferente, apenas imagino uma contradição qualquer. ainda lhe gosto, como em tantos outros tempo fiz. não tornarei, nem falarei o óbvio. eu escrevi um texto: eu mudei o mundo hoje.
estou a iniciar um texto. eu me concentro: e eu sei, eu vou perder um tempo. é como se fosse ter um filho ou fosse decolar, pular de um prédio. passo a ser uma extensão de mim. tropeço, como um bêbado. trago a embriaguez comigo. sou apenas um pacote de receios. sou eu, resguardo.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
carteios
a segunda tentativa de redigir uma carta vem da insônia (das muitas que me têm ocorrido em dias como esses). entendo, agora, que dormir não é apenas deitar-se com as coisas que foram, mas acordar diante delas como se elas fossem uma parte impossivel de mim. todas as vezes que o beijo tratou do queixo e o queixo tratou logo de torná-lo o melhor beijo de todos eu não tive dúvidas.impossível seria tratar de um tempo desse como sendo um tempo qualquer. agora mesmo, você me volta à memória. até a memória me volta você, como quem chega a pretexto de nada, a olhar-me muito. se a justiça existisse, assim como todos os meus arrependimentos, eu a mataria. porque eu já tinha matado antes por beijos bem menores do que estes seus. entenda que a necessidade do aplauso já não existe. a necessidade de tornar a vida outra coisa, a necessidade das roupas já não existe. e se a nudez era uma roupa que poderia cair justa? agora eu acreditava que sim. essas cartas não tem cópias - das palavras que me serviram de inspiração: hoje me fazem inspirar você.
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